Dimensão do Tempo
Para a questão da interatividade, a virtualização do tempo corresponde a novas possibilidades de suspensão e de retenção das mensagens que surgem em função da sua desmaterialização. Virtualizada, a mensagem retém o potencial de se atualizar de acordo com regras que permitem a manipulação dos intervalos interativos, assim como orientam a sua reprodutibilidade. O tempo linear contínuo não governa, de maneira soberana, a interação no ciberespaço, em função da capacidade de memória que é subjacente à operação de digitalização.
“Time is erased in the new communication system when past, present and future can be programmed to interact with each other in the same message. The space of flows and timeless time are the material foundations of a new culture that transcends and includes the diversity of historically transmitted systems of representation: the culture of real virtuality where make-belief is belief in the making.” [Castells apud Hine 2000:84]
Christine Hine toma a proposição de Castells como ponto de partida para sua investigação das colagens temporais elaboradas por produtores de sites na Web e participantes de newsgroups. A autora conclui que, longe de serem aleatórias, as manipulações do contínuo do tempo são altamente significativas. Porém, sua apreensão depende de uma competência cultural que precisa ser dominada pelos agentes no ciberespaço. Nos newgroups, por exemplo, a simultaneidade das conversas entrecortadas provoca uma sensação de desorientação para o novo usuário, o que corrobora para demonstrar o tempo como construção cultural. [2000]
É esta multiplicidade do tempo que opera na construção das estórias multiformes que Janet Murray identifica como um dos pilares da narrativa digital. [1997] Lévy coloca esta questão a partir do quadro mais amplo da linguagem como instrumento de construção de temporalidade e, neste sentido, discute a capacidade das memórias digitais e as possibilidades conectivas da rede. [1994] As novas formas da temporalidade são estabelecidas pela capacidade de retenção do passado e de transformação do presente, expandido nas possibilidades assíncronas da interatividade e potencializado pela introdução de mecanismos que levam a interação síncrona para novos espaços.
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