Retenção: Permanente / Fugaz
Aqui, está em jogo a capacidade de retenção em memórias digitais dos registros de interações particulares, pelos mecanismos que lhes dão suporte. O que pretendo diferenciar é se a interação produz objetos cognitivos que podem ser apreendidos a posteriori ou se ela é fugaz, não propiciando maior permanência que aquela que é necessária para sua própria consecução. A compreensão a posteriori, aqui implicada, não indica que a permanência seja uma propriedade de mecanismos de interação assíncronos. Um chat que me permite gravar o conteúdo de uma interlocução específica é síncrono e permanente.
Quando navego por um site interativo na WWW que não reconhece minha identidade e não retém as minhas opções de interação, transformando-as em dado particular e reaproveitável, posso dizer que essa interação não tem permanência. Já, quando entro em uma conferência eletrônica na qual minhas eventuais contribuições são anexadas ao discurso coletivo que é feito permanente em seus arquivos, existe permanência.
Na maior parte das vezes, a permanência é uma opção dos mecanismos de interatividade que atuam no ciberespaço, uma vez que o meio digital, por princípio, produz as condições para a permanência. Uma vez digitalizados, todos os conteúdos são passíveis de serem armazenados e reproduzidos. A opção pela permanência ou não é determinada pela natureza da interação, ou seja, se ela produz ou não objetos significativos no contexto de interações futuras. Alguns proprietários de weblogs avaliam que os comentários deixados por seus leitores são significativos e merecem permanência, por isto habilitam a funcionalidade de publicação destes comentários, normalmente presentes nos softwares que produzem estes sites; outros preferem deixar esta função desabilitada, por compreenderem que os comentários não representam uma contribuição significativa. Esta opção é, obviamente, bastante determinante para a natureza da experiência interativa que um weblog engendra com sua audiência.
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