Identidade: Conhecida / Desconhecida

Outro fator importante da natureza do sujeito na interação, que ocorre no meio digital, é a determinação da identidade dos agentes da comunicação. Não há aqui o que constestar acerca da possibilidade de comunicação entre conhecidos ou desconhecidos. É claro que o diálogo em que um dos pólos desconhece a identidade do outro é menos corriqueiro que o desconhecimento do audiência pelo produtor na comunicação midiática, mas as cartas anônimas são um exemplo óbvio e antigo.

No entanto, o meio digital opera um espectro maior de possibilidades: (1) permite que o escritor / produtor tenha condições técnicas de apreender a indentidade de vários de seus leitores / espectadores em uma interação um-muitos, através de formulários, bancos de dados e sistemas que monitoram as atividades dos usuários; (2) permite que a interação com desconhecidos seja realizada de maneira segura em função da desmaterialização dos corpos; e (3) aumenta as possibilidades de farsa em relação à identidade, visto que, sem os corpos presentes, é fácil um homem passar por mulher ou uma criança por adulto.

Como já disse, não vou discutir a real identidade dos agentes, embora está seja certamente uma das questões mais polêmicas do ciberespaço. Para a análise dos mecanismos de interatividade, basta perceber se estes supõem agentes conhecidos ou desconhecidos. Não importa se o agente conhecido é fruto de uma ilusão, visto que a intenção de comunicar pressupõe que a interação se dirige a um indivíduo específico.

É claro que existe um eixo contínuo de possibilidades entre o totalmente desconhecido que um possível e o plenamente conhecido que é um não possível. No entanto, seguindo minha proposição metodológica, vou identificar apenas dois pólos discretos: o desconhecido como não específico, indiferenciado; e o conhecido, agente que posso particularizar, independente do volume e da qualidade de informações que possua a seu respeito.