Metáfora: Simples / Complexa
Alguns ambientes digitais engendram espaços complexos, na medida em que agrupam seus conteúdos, os organizam em camadas e determinam múltiplos caminhos para conectá-los. Os MUD são ambientes digitais deste tipo que, na maior parte das vezes, operam associações com o espaço físico: salas, edifícios, cidades... A interação, nestes ambientes, implica percorrer estas metáforas. As conferências eletrônicas, também, criam estruturas complexas, quando organizam seus conteúdos dividindo as mensagens que as compõem por assunto e / ou referenciamento cronológico.
Outros ambientes digitais são muito menos elaborados do ponto de vista espacial. A maior parte dos portais mais volumosos organiza suas informações a partir da metáfora da revista, mesmo porque esta é muitas vezes a origem primária de seus conteúdos, limitando-se a criar sumários e seções e a oferecer um mecanismo de busca. Nos aplicativos de mensagem instantânea, as instâncias de diálogo são sempre similares e não pressupõem qualquer tipo de circulação ou hierarquia entre si. Estes ambientes requerem uma navegação muito menos espacial que os anteriores.
Como a complexidade da metáfora espacial utilizada não constitui polarizações discretas per se, proponho delimitá-las a partir de um critério duplo, absolutamente subjetivo. Entender como complexas aquelas que operem múltiplas camadas de organização de seus conteúdos e, ao mesmo tempo, engendrem ambientes imersivos, nos quais nossos avatares estejam, problematicamente, incluídos, ou seja, possam ser objetos de ações transformadoras, como no exemplo do jogo Zork, citado no primeiro capítulo. Por contraposição, seriam metáforas espacialmente simples, aquelas que ou não constituem diversas camadas de organização de seus conteúdos, ou não pressupõem a presença problemática de nossos avatares dentro de seus ambientes.
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