Contando visitas e muito mais

Durante sua pesquisa etnográfica, Christine Hine pôde constatar que a audiência constitui uma preocupação constante de todos entrevistados que se propuseram a construir um site na WWW [2000:Capítulo 5]. Igualmente, uma exploração aleatória de sites amadores na Web permite verificar uma grande quantidade de sites que exibem, em destaque, o número de visitas obtidas até um dado momento. Qualquer discurso pretende um público e as tecnologias da WWW permitem contabilizar este público de maneira eficiente e imediata. Os contadores de visita são apenas a mais simples das possibilidades.

Tecnologias mais robustas como os softwares Webtrends (www.webtrends.com) e Webalizer (www.mrunix.net/webalizer) permitem aos produtores de sites web conhecer vários outros dados além do simples número de visitas. É possível conhecer por quais caminhos os usuários navegam dentro do site; quais as expressões mais pesquisadas em mecanismos de busca, e, por conseguinte, quais assuntos que mais trazem internautas ao site; e quais os destinos mais freqüentes de internautas que deixam o site. A leitura na Internet deixa rastros [Lévy 1999]. Os percursos de diversos leitores oferecem ao produtor uma percepção crítica da maneira pela qual os internautas se apropriam de seu discurso.

Excluídas as possibilidades oferecidas pela publicidade, seja ela em mídias tradicionais ou na própria WWW, a principal ferramenta do produtor de um site, para incrementar sua audiência, reside em mecanismos de buscas e links em outros sites que remetam ao seu [Hine 2000:Capítulo 5]. A inscrição em mecanismos de busca é atividade obrigatória, porém o resultado desta estratégia, que não pode ser controlado pelo produtor do site, é bastante limitado, em função da profusão de sites que habitam o ciberespaço. Para aumentar sua audiência, os produtores de site entram em contato com outro sites para trocar links [ibidem]. A prática de criação de páginas de links preferidos, comum no ciberespaço, acaba por construir um supra texto que encadeia um conjunto de sites originalmente dispersos. Esta prática é cristalizada nos webrings, aplicativos que dividem a tela em dois frames: no menor uma barra de controle, que utiliza os botões de um video cassete como metáfora, permite navegar entre os sites que são agrupados pelo webring; no maior temos em destaque o site visitado. Os webrings são uma tecnologia antiga na veloz cronologia da Web, porém ela se mantém, basicamente, restrita a alguns temas, em especial, sites dedicados à idolatria de personalidades do mundo do show business.