Dimensão do Agente

Quem está falando? Esta pergunta, que merece resposta simples e direta em uma ligação telefônica, é transformada em problema no ciberespaço. As mensagens desmaterializadas, que transitam nos ambientes digitais, operam a virtualização dos agentes da comunicação. Eles não estão presentes em suas mensagens e sua atualização se opera a partir de um campo complexo de possibilidades.

Pierre Lévy discute largamente as condições dos agentes em face do processo de cognição. [1993] Segundo o autor, os agentes virtualizados operam uma comunicação em fluxo que se resolve em múltiplas conexões. Ele propõe que os agentes participam de uma ecologia cognitiva, um meio no qual representações se propagam através da conectividade entre agentes e redes técnicas. [ibidem] Em Cibercultura [1999], Lévy volta sua atenção para a rede técnica específica configurada pelo ciberespaço. Neste contexto, comenta largamente como as tecnologias do mundo digital criam a potência dos coletivos pensantes.

As possibilidades e as conseqüências da comunicação “muitos-muitos” que merecem larga atenção de Howard Rheingold [1994], funcionam como pressuposto para as tecnologias digitais que operam a inteligência coletiva, vislumbrada por Lévy. A discussão da interação “muitos-muitos” permeia grande parte da bibliografia sobre a CMC, a Internet e cultura digital [Zhang 2002]. A possibilidade da máquina como agente interativo, também, alimenta um bom debate [Lévy 1999 / Costa 2002], em especial, dado o tom de polêmica que cerca o tema da inteligência artificial. Outro ponto de discussão inflamada envolve a questão da identidade dos agentes, porém, num sentido muito mais amplo do que o que interessa à investigação da interatividade.

Ao investigar o universo dos MUD, Sherryl Turkle [1994] e Elizabeth Reid [1994] demonstram que, no meio digital, os agentes se auto-determinam. As possibilidades de manipulação da identidade são múltiplas, envolvem aspectos tão diversos como a sexualidade, a timidez e a aparência. Porém, essa discussão não é parte da análise aqui proposta, pois ela não determina a natureza dos mecanismos de interatividade, embora seja, sem dúvida, relevante para a produção de sentido.